Salve galera.
Semanas atrás
falei aqui sobre a linha de revista Elseworlds da DC Comics, onde as histórias
colocam os principais personagens da editora em diferentes linhas do tempo,
vivendo em épocas e lugares diferentes do habitual.
É da linha
Elseworlds a melhor HQ já escrita: O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, a
história que redefiniu Batman. Outra saga que merece destaque é Superman: Entre
a Foice e o Martelo, uma das melhores histórias escritas para o Superman (para
não dizer a melhor história já escrita do Homem de Aço).
Superman: The
Red Son (título original) foi escrita por Mark Millar e desenhada por Dave
Johnson e Killan Plunkett. Foi publicada originalmente nos EUA em 2003 e saiu aqui
no Brasil pela Panini em 2004.
A história
parte de um princípio simples: o que aconteceria se o Superman tivesse caído no
meio da União Soviética ao invés de uma fazenda no Kansas?
Por sinal, essa
ideia já tinha sido usada 9 anos antes do Entre a Foice e o Martelo na HQ
Superman: O Morcego de Aço (Superman: Speeding Bullets), publicada em 1993 nos
EUA e em 1994 pela Abril por aqui, onde o foguete vindo de Krypton cai em Gotham
City e é encontrado pela família Wayne. Mas qualquer dia eu conto mais sobre o
Morcego de Aço, vamos voltar para Entre a Foice e o Martelo.
O arco,
publicado em 3 edições, conta uma história extremamente elaborada, mostra comoo
Superman se torna o símbolo vivo do comunismo. E após a morte de Stalin, ele
assume o poder da União Soviética. O Homem de Aço consegue levar os princípios
comunistas ao extremo e cria uma sociedade quase perfeita.
O mundo inteiro, com
exceção dos EUA e do Chile, assinam o Pacto de Varsóvia. O mundo vive sobre
a proteção do Superman que, utilizando seus poderes de uma maneira nunca vista
nas HQs habituais, acaba se tornando o “Presidente do Mundo” e criando a utopia
comunista. Millar mostra um Superman que não se importa em patrulhar o mundo 24
horas usando seus poderes: com a visão de raio-X e sua super audição, ele fica
atento a tudo o que acontece, inclusive na América capitalista. E ele também
mostra um lado nunca explorado nas HQs: sua inteligência. Na história, ele é
apenas menos inteligente do que Luthor e Brainiac.
Alguns
personagens merecem destaque nesta história: Batman é um terrorista que tenta
derrubar o Superman e com a ajuda de Lex Luthor quase consegue, mas ele prefere
se matar a se entregar; Hal Jordan acaba assumindo o anel energético que foi
encontrado pelo governo americano e forma uma tropa com vários soldados usando
anéis similares, criados por Luthor, para tentar derrotar o Superman; a Mulher
Maravilha se mostra apaixonada pelo Superman mas este não corresponde seu amor e
no ataque do Batman, ela acaba quase morta e desfigurada pelo Homem Morcego, o
que deixa grandes sequelas em sua cabeça; Brainiac é derrotado pelo Superman e
acaba se tornando uma espécie de conselheiro do Homem de Aço na Fortaleza da
Solidão; Lois Lane Luthor, esposa de Lex, é a única pessoa com quem o Superman
demonstra alguma afetividade, apesar de tê-la visto apenas uma vez; Jimmy Olsen
começa como um agente da CIA e vira vice-presidente, mas mostra ser uma pessoa
fraca e manipulável.
Mas sem dúvida
o grande personagem da saga, ao lado do Superman, é Lex Luthor. Sua obsessão
pelo Homem de Aço chega ao ponto dele não ligar para mais nada, nem mesmo para
sua esposa, para somente poder elaborar um plano para matá-lo. Tanto que ele
ajuda o Batman, cria novos anéis energéticos e, com a ajuda de Lois Lane,
consegue convencer a Ilha Paraíso a lutar contra o comunismo imposto pelo Homem
de Aço.
Lembrando que
as habitantes da Ilha preferiram não se alinhar nem com o EUA capitalista ou
com a Rússia comunista. Luthor também não se importa em jogar um satélite
militar contra Metrópolis somente para conseguir uma amostra do DNA do Superman
e, a partir dele, criar o Superman Bizarro. Ele também consegue ser eleito
Presidente dos EUA para conseguir colocar em prática seus planos contra o
comunismo e, principalmente, contra o Superman.
O embate entre
Luthor e Superman dura mais de 40 décadas. E toda saga é extremamente
detalhada, alinhada com os fatos reais da história do mundo. Mark Millar
acertou em cheio em todos os detalhes, como por exemplo, colocar um glossário no
final das edições. Até porque muitos leitores de hoje não tem a menor do que
foi a Guerra Fria. E os desenhos de Dave Johnson e Killan Plunkett também
caíram muito bem no texto de Millar.
O grande
destaque da história é o final. Não pretendo ficar dando spoilers aqui. Então,
se você quer saber o que aconteceu, corra até o sebo mais próximo.
E se você achar
Superman: Entre a Foice e o Martelo, compre uma edição para mim também!
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