sábado, 26 de julho de 2014

STEPHEN KING VS CINEMA

Talvez você estranhe o título desta coluna e se pergunte: por que comparar um dos maiores escritores de fantasia e ficção com o cinema?

Simples: porque grandes filmes foram feitos em cima de suas obras. Filmes inesquecíveis, que merecem ser assistidos mais de uma vez.

Porém, uma grande quantidade de filmes ruins também foi feitos em cima de suas histórias.
Como este é um assunto muito longo para ser tratado, irei dividir este artigo em 2 partes: a primeira, falando dos bons filmes feitos e a segunda, daqui 15 dias, falando dos filmes ruins.

PARTE 1: CONTA COMIGO PARA BOAS HISTÓRIAS

Por mais estranho que possa parecer, alguns dos melhores filmes baseados em contos de King não são filmes de terror. E sim histórias sobre pessoas.

O primeiro da minha lista de grandes filmes baseados em histórias de Stephen King é Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, 1994, direção de Frank Darabont, com Tim Robbins e Morgan Freeman). É de longe a melhor adaptação dos livros de King para o cinema.

E as 7 indicações ao Oscar em 1995 mostram que ele foi muito bem recebido pela critica. Infelizmente, o filme não ganhou nenhum. Inclusive o de Melhor Ator para Freeman, uma das maiores injustiças da história da Academia. Sei que Tom Hanks merecia a estatueta por Forrest Gump, mas Morgan Freeman também merecia uma.

A história sobre o banqueiro Andy Dufresne (Robbins) condenado injustamente pelo assassinato de sua esposa. E na prisão de Shawshank ele conhece Ellis “Red” Redding (Freeman) um dos chefes do mercado negro. E a amizade dos dois vai crescendo, enquanto que no período de 2 décadas de prisão, Dufresne se mostra um interno incomum, ajudando presos a estudar e o diretor da prisão a lavar dinheiro de esquemas de corrupção.

Outro filme sobre prisão é À Espera de um Milagre (The Green Mile, 1999, direção de Frank Darabont, com Tom Hanks, Michael Clarke Duncan, David Morse e Bonnie Hunt). Apesar de ter um lado místico, sobre um preso que consegue curar as pessoas, a prisão e a relação de amizade entre os guardas e os presos é o ponto alto do filme.

Destaque também para Conta Comigo (Stand by Me, 1986, direção de Rob Reiner, com Will Wheaton, River Phoenix, Corey Feldman, Jerry O’Connell e Kiefer Sutherland). A história, contada em flashback, é sobre um grupo de amigos que vai atrás do corpo de um garoto que foi atropelado pelo trem. E durante a viagem, eles embarcam uma viagem de auto descobrimento e amizade.

O filme O Aprendiz (Apt Pupil, 1998, direção de Brian Singer, com Ian McKellen, Brad Renfro e David Schwimmer) é um drama psicológico forte.
Passado em 1986, Todd Bowden (Renfro) é um estudante de 16 anos que descobre que seu vizinho Arthur Denker (McKellen) é um fugitivo nazista e criminoso de guerra chamado Kurt Dussander.

E ao invés de denuncia-lo, Denker obriga o velho a contar suas histórias de assassinatos e crimes que cometeu durante a II Guerra Mundial. E cada vez mais ele vai se interessando pelo velho e pelos crimes, deixando de lado sua vida. E o velho vê no jovem uma chance de manipular sua mente e manter vivo o espírito nazista.

É um filme extremamente forte e com uma atuação impecável de Ian McKellen. E tem em sua direção um jovem Brian Singer, que havia acabado de se tornar uma estrela, após o sucesso de Os Suspeitos em 1995. Infelizmente o filme passou despercebido do grande público.
Já na linha de terror, O Iluminado (The Shining, 1980, direção de Stanley Kubrick, com Jack Nicholson e Shelley Duvall) é um clássico do terror. A cena de Nicholson derrubando a porta e berrando através do vão “here’s Johnny” é apavorante.

Dizem as lendas, que quando Nicholson se preparava para entrar no personagem, ele ficava em um canto do estúdio quieto, como se estivesse em transe e saia de lá alucinado, como personagem do livro. E após cada cena, ele precisava de um tempo para voltar a ser um homem tranquilo. E essa transformação pode ser vista no filme: seu personagem tem um jeito de se mexer e falar que realmente parece que Nicholson está possuído.

Nesse quesito, podemos comparar a atuação de Nicholson com a de Heath Ledger como Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas, em 2008. Digo isso porque Ledger também precisou de um tempo para criar uma “personalidade alternativa” para seu personagem que diferia totalmente de seu jeito de ser.
A história de A Hora da Zona Morta (The Dead Zone, 1983, direção de David Cronenberg, com Christopher Walken e Sarah Bracknell) é uma das mais bem elaboradas em minha opinião.

O professor Johnny Smith (Walken) sofre um acidente e entra em coma por 6 anos. E quando acorda, tem o dom de ver o futuro imediato das pessoas. E assim ele começa a ficar sem saber se deve ou não interferir.

O primeiro e um dos melhores livros de King também foi parar no cinema: Carrie, a Estranha (Carrie, 1976, direção de Brian de Palma, com Sissy Spacek, Piper Laurie, John Travolta, Amy Irving e Nancy Allen). A história de Carrie White (Spacek), filha de uma líder religiosa que acaba sendo ridicularizada no baile de formatura da escola e resolve se vingar de seus colegas com seus poderes paranormais despertados pelo seu ódio é referência até hoje no cinema.

E mais recentemente temos 1408 (1408, 2007, direção de Mikael Hafstrom, com John Cusack, Mary McCormack e Samuel L. Jackson), que fala do escritor Mike Enslin (Cusack), especialista em desvendar casos sobrenaturais, que resolve se hospedar no quarto 1408 do Hotel Dolphin, em Nova York, apesar dos avisos do gerente, o Sr. Olin (Jackson).

Este não é um dos melhores filmes de terror baseados em uma história de King, mas consegue manter uma tensão e um clima sombrio que estavam perdidos, principalmente se comparados com outros filmes de terror lançados nos últimos anos, que também são baseados em outras obras de King.
Outro tema que King gosta de abordar é tecnologia. Tanto que escreveu The Lawnmower Man, que deu origem ao filme O Passageiro do Futuro (The Lawnmower Man, 1992, direção de Brett Leonard, com Jeff Fahey e Pierce Brosnan).

O filme se destacou pelos efeitos especiais e pela visão de futuro, mostrando um mundo conectado pelos computadores. Hoje é um filme ultrapassado, mas pode ser considerado um marco nos efeitos especiais e no conceito de tecnologia online assim como Tron foi em 1982.

A história do jardineiro Jobe Smith (Fahey) que se submete a uma experiência com realidade virtual do Dr. Lawrence Angelo (Brosnan), criada para aumentar a inteligência em chimpanzés.

E após a experiência, Jobe desenvolve poderes mentais e uma capacidade de interagir com o ciberespaço, moldando a realidade virtual como desejar. E de onde ele pretende assumir o controle do mundo.

Os conceitos de realidade virtual, de ensino via ciberespaço e o controle mundial via internet podem parecer batidos hoje, mas em 1992 foram totalmente inovadores. E a maneira como o ciberespaço é mostrado no filme é muito similar ao que temos na Internet hoje em dia. E o filme soube muito bem como trabalhar e mostrar as ideias de King.

E não podemos deixar de falar de Louca Obsessão (Misery, 1990, direção de Rob Reiner, com James Caan e Kathy Bates).

A história é da enfermeira Annie Wilkes (Bates) que resgata o escritor Paul Sheldon (Caan) e passa a torturá-lo para que ele traga de volta a personagem mais famosas de seus livros, que ele resolveu matar.
É em minha opinião um dos filmes mais tensos que já vi. A cena onde Bates quebra as pernas James Caan dá calafrios só de lembrar.

E o Oscar que Kathy Bates levou foi mais do que merecido. Sua atuação está perfeita.

Infelizmente a lista de filmes bons baseados nas histórias de Stephen King acaba por aqui. Se você achou que faltou algum, deixe seu comentário.

E semana que vem a lista de filmes ruins.

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO SITE POLTRONA DE CINEMA (WWW.POLTRONADECINEMA.WORDPRESS.COM) EM MARÇO DE 2012

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