terça-feira, 29 de julho de 2014

O PASSADO TRASH DE PETER JACKSON

Quem acha que a filmografia do premiado diretor Peter Jackson se resume a hobbits e macacos gigantes, está enganado. O diretor neozelandês esconde alguns fantasmas dentro do armário. Fantasmas, zumbis e alienígenas.
Antes de se aventurar pelo cinema fantasia, Jackson era o rei do cinema trash.

Sua carreira  como diretor começou em 1987, com o filme Trash – Náusea Total (Bad Taste, de 1987, direção de Peter Jackson, com Peter Jackson, Terry Potter e Craig Smith). O filme demorou quatro anos para ser concluído e foi feito de maneira totalmente amadora. Sem dinheiro, Jackson escreveu, dirigiu e atuou no filme, que conta a história de uma raça alienígena que invade uma cidade, com o objetivo de abastecer sua rede de fast food intergalática com carne humana. Acabou se tornando uma obra Cult e extremamente rara de se achar.
Em 1989 ele dirigiu Meet the Feebles (Meet the Feebles, de 1989, direção de Peter Jackson, com Donna Akersten e Stuart Devenie), uma parodia trash musical e cheia de humor negro baseada nos personagens dos Muppets. Assim como Trash – Náusea Total, virou Cult.

Seu terceiro filme conseguiu ser pior do que os anteriores: Fome Animal (Dead Alive, de 1992, direção de Peter Jackson, com Timothy Balme e Diana Peñalver) é considerado um dos maiores clássicos dos trash movies. O filme é cheio de clichês, sangue e uma história totalmente sem pé nem cabeça. Por isso se tornou um marco. E mesmo assim, o filme é ruim. O filme mostra um garoto que tem a mãe mordida por um macaco raro e agora é um zumbi e ele tenta esconde-la da namorada e da cidade onde mora. Mas a fome por carne humana faz a mulher começar a matar os moradores da cidade, que também começam a virar zumbis.
A partir daí seus filmes tem um salto de qualidade: ele lança em 1994 Almas Gêmeas (Heavenly Creatures, de 1994, direção de Peter Jackson, com Melanie Lynskey e Kate Winslet), sobre a amizade entre duas amigas na Nova Zelândia em 1954, que acaba se tornando um romance e uma trama para assassinar a mãe de uma delas; e em 1996 ele dirige Os Espíritos (The Frighteners, de 1996, direção de Peter Jackson, com Michael J. Fox, Trini Alvarado, Peter Dobson, John Astin e Chi McBride), sobre um detetive médium charlatão, que acaba envolvido em uma série de assassinatos, cometidos por um fantasma de um assassino em série que não quer parar de matar.
Ambos os filmes são bons e diferem muito dos primeiros trabalhos de Peter Jackson. E eles também abriram as portas de Hollywood para o diretor, que conseguiu então assumir a trilogia do Senhor dos Anéis.

Peter Jackson é um excelente diretor. E acredito que ele saiba da importância de seus primeiros filmes para sua carreira, principalmente porque foi através deles que ele conseguiu produções melhores. Mas aposto também que faz tempo que ele não assiste a nenhum deles.

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO SITE POLTRONA DE CINEMA (WWW.POLTRONADECINEMA.WORDPRESS.COM) EM NOVEMBRO DE 2012

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