terça-feira, 29 de julho de 2014

TOQUE DE NOVO SAM

2012 celebra 70 anos de uma das histórias de amor mais famosas do cinema: Casablanca.
Filmado em preto e branco, a história de amor durante a Segunda Guerra Mundial encanta até hoje pelas atuações perfeitas de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman; por um roteiro apaixonante e por uma direção impecável de Michael Curtiz.

O roteiro é bem simples: Richard Blane (Bogart) é dono do Café de Rick’s, o maior e mais movimentado bar da cidade de Casablanca, em Marrocos, durante a Segunda Guerra Mundial. Além de bar e restaurante, o Café de Rick’s é ponto de encontro de apostadores e de jogos clandestinos na cidade. O bar é considerado zona neutra na cidade, sendo frequentado por nazistas, políticos, refugiados e membros da resistência francesa.

E uma noite, o ladrão Ugarte (Peter Lorre) deixa com Rick um par de Cartas de Trânsito – documento que permitia livre trânsito pela Europa Nazista ao seu portador. Consequentemente, estas cartas eram inestimáveis e muito procuradas por membros da resistência, que planejavam fugir da Europa através de Lisboa. Ugarte é preso e as cartas ficam com Rick, até que surge em seu bar sua ex-amante, Ilsa Lund (Bergman) e seu marido, o líder da resistência Tcheca Victor Laszo (Paul Henreid).

Depois de quase perder as cartas e Ilsa, Rick consegue coloca-la dentro de um avião junto com seu marido, para que ambos possam fugir e continuar sua luta contra os alemães nos Estados Unidos.

Além do roteiro perfeito, existem algumas coisas que também acabaram marcando Casablanca na história do cinema: as frases. E as principais são ditas por Bogart: a primeira quando Ilsa decide não embarcar no avião, para ficar com ele em Marrocos e ele diz que se ela ficar, ela irá se arrepender: “Talvez não hoje, talvez não amanhã. Mas em breve e para o resto de seus dias“. E ela então pergunta sobre eles e ele responde com outra frase clássica: “Nós sempre teremos Paris”. Outra é dita após o avião partir, quando Rick volta andando ao lado do capitão da polícia Louis Renault (Claude Rains), que ajuda Ilsa e Laszo a fugir. Rick e Louis estão caminhando pelo meio da neblina quando Rick diz: “Louis, acho que este é o começo de uma bela amizade“.
Mas com certeza a frase mais famosa do filme nunca foi dita. Ingrid Bergman nunca disse “play it again Sam” (toque de novo Sam). O que ela realmente diz é “play it, Sam. Play’ As Time Goes By” (toque Sam. Toque As Time Goes By). Acontece que Play It Again Sam é uma peça de Woody Allen, que depois foi adaptada para o cinema. O filme conta a história de um homem obcecado pelo filme Casablanca.

O filme também é repleto de outros detalhes que passam despercebidos da audiência. Como o fato de Bogart ser menor que Bergman, então em várias cenas ele está em cima de um tablado para parecer mais algo. Outro detalhe curioso é que Dooley Wilson, que interpretou o pianista Sam não tocava piano. Na verdade, ele era baterista de jazz. Mas na trilha sonora é ele quem canta As Time Goes By. E o detalhe mais inusitado do filme é que na última cena, quando Rick e Ilsa conversam e ao fundo está o avião se preparando para decolar e várias pessoas estão trabalhando na pista, na verdade o avião é um modelo em tamanho menor do que o original e os trabalhadores são todos anões. Juntamente com a neblina, cria o efeito de distância que o diretor Michael Curtiz queria criar e não conseguia, devido ao tamanho do estúdio onde a cena estava sendo gravada.

E não podemos deixar de lado a trilha sonora do filme. As Time Goes By é uma das canções mais lindas já feitas e encaixou de maneira perfeita ao filme. Apesar de ter sido escrita 10 anos antes do filme, por Herman Hupfeld, parece que ela foi feita sob encomenda para Casablanca.

E jogue fora seu DVD quem nunca pensou em um amor antigo quando ouviu os primeiros acordes dessa música.

Casablanca entra em um seleto grupo de filmes em que o final não é exatamente feliz, mas é perfeito do jeito que é, como  …E o Vento Levou. Nos dois filmes o protagonista não fica com a mocinha e por mais que o fim seja triste, ele é perfeito.

Quem ainda não viu este clássico do cinema, pode parar tudo o que estiver fazendo e corra atrás de uma cópia deste filme. E se você já viu, vá ver novamente.

É mais do que obrigatório.

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO SITE POLTRONA DE CINEMA (WWW.POLTRONADECINEMA.WORDPRESS.COM) EM DEZEMBRO DE 2012

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