Hoje vamos falar da maior furada que já aconteceu no mundo
das HQs: a saga Armageddon 2001.
A ideia era boa e iria mexer muito com o Universo DC: pegar
um herói e transforma-lo em vilão. Mas não um vilão qualquer. Ele seria
responsável pela morte de todos os outros heróis e iria dominar a Terra com mão
de ferro.
Armageddon 2001 foi publicada entre maio e outubro de 1991,
com roteiro de Archie Goodwine Dennis O’Neil e desenhos de Dan Jurgens.
A época também era apropriada: fazia menos de dois anos que
a DC havia publicado Invasão, mostrando os principais heróis da Terra lutando
conta a Aliança Alienígena. A saga foi um sucesso. E a ideia de mostrar que um
daqueles heróis iria se voltar contra os outros era excelente.
Armageddon 2001 conta a história de Matthew Rider, um
cientista no ano de 2030. A Terra está
sob o domínio do Monarca, um herói que lutou e matou todos os outros em 2001.
E, aproveitando de seu poder, o Monarca conseguiu apagar da história sua
identidade original.
Rider consegue participar de um projeto do Monarca de viagem
no tempo e se torna Tempus, um viajante temporal que consegue “ler” o futuro
possível das pessoas. Dessa forma, ele volta no tempo e começa a procurar nos
heróis qual se tornará o Monarca. E assim que encontrá-lo, Tempus pretende
matá-lo, para salvar o futuro.
Entre os heróis que ele visita, estão Super-Homem, Batman,
Gavião Negro, a L.E.G.I.Ã.O.e a Liga da Justiça . Por sinal, algumas histórias
não chegaram a ser publicadas no Brasil. Mas isso não chega a ser novidade,
afinal quando Armageddon 2001 foi lançada por aqui, a responsável era a Abril
Jovem.
E após passar pelos principais heróis da Terra, Tempus
descobre que o Monarca é na verdade Hank Hall, o Rapina.
O que aconteceu foi que, quando Tempus investiga o futuro do
Capitão Átomo, uma grande quantidade de energia quântica é liberada, abrindo
uma passagem temporal e permitindo que o Monarca volte no tempo e enfrente os
heróis.
Porém, antes do confronto ele sequestra Rapina e Columba. O
Monarca mata Columba e se deixa ser assassinado por Rapina. Após matar o
Monarca, Rapina descobre que o homem por debaixo da armadura é ele mesmo, porém
mais velho. Então ele resolve seguir com o plano do Monarca e vai enfrentar os
heróis novamente.
E durante seu confronto com o Capitão Átomo, novamente é
liberada uma grande quantidade de energia quântica e o Monarca e o Capitão são
jogados no passado, na era dos dinossauros.
Aparentemente somente o Capitão sobreviveu à luta.
Agora você deve estar se perguntando: por que o escolhido
foi o Rapina? E ele era realmente tão importante assim? Afinal, a saga prometia
que um grande nome da DC iria se tornar o Monarca.
Acontece o seguinte: os editores da DC estavam guardando a
sete chaves a verdadeira identidade do Monarca. Mas no meio da saga, vazou que
o Monarca seria o Capitão Átomo. Então a DC teve que mudar as pressas o final
de Armageddon 2001 colocando o Rapina como Monarca.
A escolha pelo Rapina não foi por acaso: sua revista, Rapina
e Columba, havia acabado de ser cancelada. E ele também nunca esteve entre os
personagens mais populares da DC. Talvez sua fase mais conhecida tenha sido
quando foi escrita por Karl Kesel desenhado e por Rob Liefeld. Mas isso não
quer dizer que as história tenha sido boas nessa época. Apenas tornaram os personagens
um pouco mais conhecidos.
Então o personagem se mostrou descartável. Ninguém iria
sentir sua falta. A DC chegou à conclusão que o final de Armageddon 2001 já
havia sido estragado e não valia a pena sacrificar um personagem de nome para
tentar salvar a série. Então escolheram alguém que não fosse fazer diferença
para o futuro da editora. E também havia uma chance de ainda se fazer uma
surpresa com a identidade do Monarca. Acontece que Rapina não era um nome de
peso e por isso ninguém deu muita bola para a escolha da DC.
O pior foram os furos que o novo final provocou. Tempus
chegou a investigar Rapina e Columba e nessa história os heróis aparecem
enfrentando o Monarca. Então os únicos personagens que não poderiam ser o
Monarca eram justamente Rapina e Columba, já que em todas as outras histórias
nunca o Monarca apareceu.
Outro furo foi que nas últimas histórias antes de
Armageddon, o Capitão já estava sendo preparado para assumir o papel do vilão.
Então ele já estava sendo mais violento, mais frio e mais distante com os
outros membros da Liga.
A única coisa que se salvou em Armageddon 2001 foram as
histórias dos futuros possíveis de cada herói. Vale destaque a histórias do
Superman se casando com Máxima, após a morte de Lois Lane; o futuro sombrio da
L.E.G.I.Ã.O.; Batman no corredor da morte; e a do Superman enfrentando todas as
potencias do mundo pelo desarmamento. Apesar de parecer muito com o enredo do
filme Superman IV – Em Busca da Paz, a história é muito boa, mostrando o
Superman sendo responsável pela morte do Ajax (eu me recuso chamar o Caçador de
Marte de J’onn J’onzz) e um confronto entre ele e o Batman, onde o Cavaleiro das
Trevas mata o Homem de Aço. E antes que alguém reclame: sim, o confronto, o
local da luta – o Beco do Crime e a
armadura do Batman são uma grande homenagem a Cavaleiro das Trevas, de Frank
Miller. Nunca ninguém escondeu isso.
Do outro lado, algumas histórias são muito fracas, como a do
Superman se tornando presidente do EUA ou a do Flash se casando.
Infelizmente o que era para ser a grande saga da DC em 1991
acabou virando um fracasso em termos de planejamento e história.
E uma piada contada até hoje nos corredores da Marvel.
Três últimas observações:
1- Columba não morreu. Anos depois foi revelado que o
feiticeiro Mordru a salvou, enviando uma cópia para ser morta pelo Monarca. A
verdadeira Columba ficou em coma por anos, porém ela estava grávida de Rapina,
dando a luz a Hector Hall, que futuramente se tornaria o Sr. Destino. Assim que
Dawn Granger saiu da coma, ela voltou a lutar como Columba, mas agora tendo
como parceira sua meia irmã, Holly Granger, que ganhou os poderes de Rapina. E
mais tarde, durante a saga A Noite Mais Densa, Hank Hall ressuscita como
Lanterna Negro. Ele mata Holly Granger e, no final da saga, consegue se livrar
da influencia do anel negro e volta a ser Rapina.
2- O Monarca sobrevive a viagem no tempo junto com o Capitão
Átomo. Os dois acabam lutando lado a lado, para evitar uma invasão alienígena
na saga Armageddon: The Alien Agenda (que nunca chegou a ser publicada aqui).
Ambos acabam viajam pelo tempo para lutar contras os alienígenas. E durante a
Segunda Guerra Mundial conseguem derrotar vencer e impedir a invasão. Após um
teste nuclear americano, o Capitão Átomo consegue ser lançado de volta ao futuro
e o Monarca desaparece. Mais tarde ele reaparece como Extemporâneo na saga Zero
Hora, que serviu para zerar (novamente) o Universo DC.
3- Depois de muitos anos, finalmente a DC conseguiu fazer
com que o Capitão Átomo assumisse a identidade do Monarca. Primeiro foi
revelado que o Capitão era na verdade um clone quântico de Nathaniel Adams.
Então o verdadeiro voltou usando uma armadura muito similar a do Monarca e
derrotou o clone. E mais recentemente, o Capitão foi ferido gravemente e teve
que usar uma armadura igual a do Monarca, para conter a radiação que estava
vazando do seu corpo.
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO SITE GEEZBOX (WWW.GEEZBOX.COM.BR) EM JULHO DE 2012
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