Existe uma cultura de vida que está cada vez mais ganhando
adeptos: a Cultura da Ostentação.
Jovens de classe baixa (e média) estão cada vez mais
investindo em roupas, joias, tênis, eletrônicos e motos para se exibirem nas
redes sociais em busca de status e 'presença'.
Esta cultura vem crescendo com forte vínculo ao “funk
ostentação”, que surgiu timidamente em 2008 como vertente do funk carioca,
avançando por São Paulo e pela Baixada Santista antes de ganhar alcance
nacional. Nas músicas, os Mcs falam sobre carros, motocicletas e bebidas, além
de fazerem citações frequentes à figura da mulher como objeto de desejo.
As letras dessas canções refletem o desejo de uma camada
marginalizada em alcançar um maior poderio sobre bens materiais, exaltando a
ambição de sair da favela e conquistar o mundo. No entanto, a cultura da
ostentação não está limitada somente aos moradores das favelas, tendo também
uma grande influencia nos jovens da nova classe média brasileira.
Auto-afirmação é algo que todo mundo busca, ainda mais o jovem que não possui
conceitos claros do que é ser bem-sucedido em relação ao mundo e para ele
mesmo.
Essa atitude pautada no consumismo exacerbado vem crescendo
principalmente devido à mudança no perfil de consumo da população. Graças à uma
economia mais forte e um crédito mais abundante no mercado, itens de
necessidade secundária como roupas de grife, perfumes, jogos e acessórios de
moda vem aumentando em termos de vendas. A nova classe média brasileira, que
tem uma renda mensal entre R$ 1 mil e R$ 4 mil, representa hoje quase 50% da
população. Por isso, produtos que antes eram voltados somente para a classe
média/alta e alta – com rendas mensais acima de R$ 4 mil - hoje estão
disponíveis para quase toda a população.
Sabemos que, o que é prioridade ou supérfluo para nós
dificilmente pode ser imposto por outra pessoa, mas considerando que o custo de
uma faculdade de renome ou de um plano de saúde não sai por menos de R$ 500
mensais aqui no Brasil, questionamos o valor de um boné de aba reta da loja
mais cara de artigos esportivos para o futuro de um jovem.
Não que um jovem não tenha o direito de comprar um tênis de
R$ 500,00 ou um celular de R$ 1.700,00 ou uma camiseta de R$ 200,00. Mas será
que essa vida de ostentação é importante para alguém que ganha um salário
mínimo por mês - R$ 724,00?
Afinal, economistas recomendam contrair dívidas para alguns
itens de consumo, desde que elas não excedam um terço da renda mensal. E
obviamente, estas dívidas tem que ser bem-planejadas.
Acontece que muitas pessoas não avaliam suas necessidades
reais, e sim aquelas que são voltadas à aprovação social. E tais necessidades
são movidas em ciclos infindáveis de modismos, inveja e alienação; você lembra
quantos amigos seus já trocaram de celular antes mesmo de pagar as prestações
do aparelho antigo?
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DA CORRETORA RICO (WWW.BLOG.RICO.COM.VC) EM JUNHO DE 2014
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