sexta-feira, 8 de agosto de 2014

CULTURA DA OSTENTAÇÃO

Existe uma cultura de vida que está cada vez mais ganhando adeptos: a Cultura da Ostentação.
Jovens de classe baixa (e média) estão cada vez mais investindo em roupas, joias, tênis, eletrônicos e motos para se exibirem nas redes sociais em busca de status e 'presença'.

Esta cultura vem crescendo com forte vínculo ao “funk ostentação”, que surgiu timidamente em 2008 como vertente do funk carioca, avançando por São Paulo e pela Baixada Santista antes de ganhar alcance nacional. Nas músicas, os Mcs falam sobre carros, motocicletas e bebidas, além de fazerem citações frequentes à figura da mulher como objeto de desejo.

As letras dessas canções refletem o desejo de uma camada marginalizada em alcançar um maior poderio sobre bens materiais, exaltando a ambição de sair da favela e conquistar o mundo. No entanto, a cultura da ostentação não está limitada somente aos moradores das favelas, tendo também uma grande influencia nos jovens da nova classe média brasileira. Auto-afirmação é algo que todo mundo busca, ainda mais o jovem que não possui conceitos claros do que é ser bem-sucedido em relação ao mundo e para ele mesmo.

Essa atitude pautada no consumismo exacerbado vem crescendo principalmente devido à mudança no perfil de consumo da população. Graças à uma economia mais forte e um crédito mais abundante no mercado, itens de necessidade secundária como roupas de grife, perfumes, jogos e acessórios de moda vem aumentando em termos de vendas. A nova classe média brasileira, que tem uma renda mensal entre R$ 1 mil e R$ 4 mil, representa hoje quase 50% da população. Por isso, produtos que antes eram voltados somente para a classe média/alta e alta – com rendas mensais acima de R$ 4 mil - hoje estão disponíveis para quase toda a população.

Sabemos que, o que é prioridade ou supérfluo para nós dificilmente pode ser imposto por outra pessoa, mas considerando que o custo de uma faculdade de renome ou de um plano de saúde não sai por menos de R$ 500 mensais aqui no Brasil, questionamos o valor de um boné de aba reta da loja mais cara de artigos esportivos para o futuro de um jovem.

Não que um jovem não tenha o direito de comprar um tênis de R$ 500,00 ou um celular de R$ 1.700,00 ou uma camiseta de R$ 200,00. Mas será que essa vida de ostentação é importante para alguém que ganha um salário mínimo por mês - R$ 724,00?

Afinal, economistas recomendam contrair dívidas para alguns itens de consumo, desde que elas não excedam um terço da renda mensal. E obviamente, estas dívidas tem que ser bem-planejadas.

Acontece que muitas pessoas não avaliam suas necessidades reais, e sim aquelas que são voltadas à aprovação social. E tais necessidades são movidas em ciclos infindáveis de modismos, inveja e alienação; você lembra quantos amigos seus já trocaram de celular antes mesmo de pagar as prestações do aparelho antigo?

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DA CORRETORA RICO (WWW.BLOG.RICO.COM.VC) EM JUNHO DE 2014

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